quarta-feira, 20 de abril de 2011

COPACABANA

                               

Vinicius Nagem


A madrugada tem seu cio
lânguida
cianureto, veneno das bocas, beco das garrafas
escorrendo pelos batons desfeitos
caras, desafetos, olhares de neblina
faróis de milha
neons, neons, neons
posto 5
E o endereço ?
Todos temos a última pizza
o derradeiro gole
no bar da esquina, a fechar
portas pesadas
poetas, cabeças batendo nas calçadas
legião de vagabundos, mendigos
a revirar caixas de papelão
Copacabana
princesinha do mar,
amar
galetos, prostitutas, Lido
velhos generais de pijama
funcionárias públicas - simpáticas - aposentadas
a descer dos seus poleiros
com seus cachorros confidentes
caixões descem,
caixões sobem,
caixas de papelão ficam
mendigos de pé
saltos nas ruas
Ah! Saltos!
É 6 o posto
Travestis em trajes mínimos
trajetórias contíguas
calcinhas, silicones, soutiens
perucas louras, pincéis
retrato ilusionista...
Atletas enfartados
esbarram-se nas calçadas
atropelam  carros
gasolina com perfume
manhã nascendo, sol no Marimbás
litros e litros de chopp
urina noturna
e o perfume ?
valas negras
As rosas de Iemanjá batem na areia
quanta loucura
e e, nadando no mar
sem dizer nada de tí
Copacabana
inferno e paraíso
rito de nascer e morrer
fechar de olhos, abrir suspiros
deitar de dia e rolar na madrugada
real e majestoso prazer
princesinha do mar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário