Vinicius Nagem
Não se faz poesia como antigamente,
Uma moça na janela a inspirar,
O sonho de um encontro promitente,
Na garrafa de leite no batente,
Todo o som parecia ter sabor,
Agora estou aqui, sentado num bistrô,
Aberto o laptop em sintonia universal
Posso não ter pena, nem papiro, nem jornal
As palavras seguem a lógica atual
Mudou a forma ou mudou a informação?
Quem um dia poderia imaginar
Ao invés de sintonia com o luar
O poeta estivesse em comunhão
Com o celular, google e avião
E o tempo já não custasse a passar...
Em telas planas, desafio a imensidão
Ouço sons sintéticos, não mais o coração
Os ícones não buscam a fé, somente relação
Sonetos sem espaço, a rigidez é crônica
A batida , compassada, eletrônica
Onde buscar o lampejo da criação
Se os postes já não possuem lampião
O horizonte está bem além do espigão
Até o futebol perdeu a sua essência
E o romantismo pulou a janela de transferência?
A poesia está doente, os poetas não
Cabe-nos ressuscitar o que sobrou no chão
Reinventar o amor e recriar paixão
Protagonizar uma nova ciência
Cientificismo poético, essa é a missão.
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